quarta-feira, 3 de março de 2010

um protro de um amo ja apremdeu 75 porcento do que era para aprender

Diz-se que um poldro de um ano já aprendeu mais de 75% daquilo que precisa de saber: como controlar os seus membros em todos os andamentos; como mamar, pastar, beber água, como comer concentrados e feno se lhe forem postos à disposição; como coçar-se quer com um casco quer esfregando-se numa árvore ou poste; o que são os humanos: onde se situa o bebedouro no pasto; as horas a que chegam os humanos e com que finalidade e por diante. Tudo isto é essencial à sua capacidade para se adaptar à vida. Na vida selvagem os cavalos tinham que se adaptar rapidamente ao seu meio ambiente e à forma de como certos aspectos do mesmo afectavm o seu conforto e sobrevivência. Como animal de manada, uma das coisas mais importantes a aprender, à parte da identificação da mãe, era saber qual a sua posição hierárquica na manada e a quem, dentro dela, era melhor obedecer. Também precisavam de aprender sobre o tempo e onde se haviam de abrigar das intempéries, quais os sinais que lhe indicavam onde havia comida, o que eram os predadores e o medo, e como escapar. Também tinha que desenvolver rapidamente a sua capacidade de decisão - "fugir - ou lutar" e saber que estar perto da mãe e da manada representava segurança. Em domesticidade o poldro ainda aprende estas coisas e provavelmente com mais rapidez. Aprende a identificar a mãe em poucas horas se lhe for permitido ficar sozinho com ela durante as primeiras 24 horas. Crê-se que o poldro aprende ainda no útero qual o cheiro, o sabor e os sons que a mãe emite, mas o choque imenso do nascimento para um mundo frio e cintilante deve provocar-lhe muita desorientação e stress sendo necessário um novo processo de aprendizagem e adaptação. Os cavalos aprendem muito por associação. Ligam um som ou uma situação particular com um resultado ou acção definidos. Quando surge de novo a mesma situação ou som esperam que se reproduza o mesmo reultado proveninte dessa acção ou som. Isto põe sobre o treinador um certo peso, uma vez que deverá assegurar-se de que o cavalo não seja sujeito a situações desagradáveis e ter a certeza de que tanto o treino como o maneio sejam totalmente consistentes quer no trato com o cavalo quer na forma como se serve das ajudas e ainda na posição do cavaleiro. Os cavalos são extremamente observadores e têm excelente memória (outra herança da sua ancestral vida selvagem) reagindo à menor alteração de peso e de posição do cavaleiro. Tendo a faculdade de em grande extensões de terreno se lembrarem dos locais onde há comida, abrigo e água, e dos lugares onde provavelmente existem predadores, os cavalos também possuem uma memória extremamente longa. Reconhecem-se mutualmente após longos anos de separação, as suas reacções demonstram-no. Parece ser provável que também reconheçam humanos mas nem sempre o demonstram tão bem. Recordam particularmente bem caminhos e lugares, especialmente se alguma coisa marcante lhes sucedeu ali (boa ou má). É por esta razão que um cavalo que se assuste ao passar em determinado local provavelmente o fará sempre que aí volte a passar, esperando que o que quer que fosse o volte a assustar. Consequentemente na maior parte dos casos, pode ser extremamente difícil treiná-los de novo, tirar-lhes maus hábitos ou corrigir ensinamentos anteriores que podem ter-se tornado com o decorrer do tempo em verdadeiros problemas. A paciência e as ajudas tanto físicas como orais podem eventualmente sobrepôr-se a estes velhos hábitos que podem aparecer de novo em momentos de stress ou desconcentração. As segundas oportunidades são raras. Devido ao facto de os cavalos aprenderem tão rápida e profundamente, é fundamental fazer as coisas correctamente quando se procede ao seu ensino. A pessoa com uma atitude calma e firme, que consegue manter a presença de espírito sob condições adversas tem muito mais possibilidades de ensinar um cavalo, que responde, seguindo as indicações que lhes são dadas, confiando, mesmo quando em pânico, que estará seguro. Os cavalos seguem as indicações dos humanos, sejam elas boas ou más, e a maior parte deles são suficientemente espertos para se aperceberem do facto de que é conveniente agradar aos humanos. Também aprendem seguindo o exemplo de outros cavalos: dá muito resultado utilizar um cavalo já ensinado para guiar um poldro que se começa a ensinar ou um cavalo que se pretenda reabilitar. Cavalos com experiência e que já confiam num cavaleiro sensato não se deixarão influenciar por um poldro irrequieto, podendo-se observar a sua influência sobre o mesmo, por vezes com um simples olhar. Os cavalos comunicam entre eles com muito mais linguagem corporal do que nós. Se for permitido a um poldro observar um cavalo já experiente, aprenderá mais depressa do que um a quem nunca foi dada essa oportunidade.É do conhecimento geral que um poldro numa situação complicada seguirá, na maior parte dos casos, outro cavalo, não confiando no ser humano.Certos treinadores antigos, muitos dos quais ainda vivem, acreditavam no castigo quando o cavalo respondia incorrectamente a um comando ou ajuda. Se o treinador tentava ensinar uma cavalo a entrar a galope com a mão direita e o cavalo insistia em sair com a esquerda, era castigado com o chicote ou espora ou ambos. A escola de pensamento que prevalece hoje é a de recompensar o cavalo quando ele responde correctamente e de nada fazer quando ele não o faz, ou simplesmente dizer não ou outro sinal que lhe tenha sido ensinado e que ele entenda como desaprovação. Bater ou insultar um cavalo que está a tentar descobrir o que lhe queremos ensinar é estúpido e cruel. Provavelmente um aspecto tão importante como o da firmeza quer na recompensa quer no castigo é o de administrar qualquer destas acções no momento imediato à execução do exercício. A sua mente funciona de um modo, que para poder relacionar as duas coisas elas não podem distanciarem-se mais de um ou no máximo dois segundos. Após este lapso de tempo não relacionará uma coisa com a outra e a recompensa ou repreensão dados não servirão para nada. Os castigos que o cavalo não entende traduzem-se num animal zangado, ressentido e no melhor dos casos não cooperante. Recompensar um cavalo passado já algum tempo de ele ter cumprido, como por exemplo quando sai do campo de obstáculos após uma boa prova, é demasiado tarde. Todavia, uma palavra de apreço sussurrada de cada vez que transpõe bem um obstáculo é compreendida e motivante para o cavalo porque consegue relacionar as duas coisas. É enfurecedor ver cavaleiros a dar uma chicotada a um cavalo depois de ter feito a batida para um salto. Esta acção indica ao cavalo, sem sombra de dúvida, que ele está a actuar incorrectamente! O mesmo acontece com as pancadas na boca, as espetadelas das esporas e mesmo as violentas pancadas que lhe são infligidas nas costas pelo "assento" do cavaleiro. Qualquer acção desagradável ou dolorosa será inevitavelmente associada pelo cavalo ao acto de saltar (ou seja qual for o exercício em execução). Quando nos debruçamos sobre as técnicas utilizadas por alguns cavaleiros podemos considerar um milagre não existirem mais cavalos a recusar ou a "pegarem-se". As palavras-chave do ensino são: firmeza, oportunidade, repetição e a recompensa. Estamos todos cientes de que o método de ensino convencional indica que não se deve permitir ao cavalo a iniciativa e antecipação ou seja, fazer o que pensa que lhe vamos pedir antes de o fazermos. Diz-se que isto diminui a nossa autoridade em vez de mostrar inteligência por parte do cavalo. Os cavalos adquirem hábitos com muita facilidade e há quem afirme que isto não demonstra verdadeira inteligência, sendo simplesmente o cavalo a executar o que se lhe tornou habitual. A minha opinião é a seguinte: sendo nós seres de suposta inteligência superior, deveríamos lembrar-nos e aceitar o facto de que os cavalos são criaturas de hábitos e anteciparmo-nos às suas acções, tomando medidas para evitar qualquer acção que pensámos que vai executar, tal como assustar-se num local onde costuma fazê-lo. A antecipação é na verdade uma expressão de inteligência e pessoalmente fico preocupada quando um cavalo não demonstra qualquer sinal dessa antecipação - memória e capacidade de aprendizagem . O estratagema favorito dos investigadores cientificas para avaliarem a inteligência animal é o labirinto. Para o meio deste são lançados os mais diversos tipos de animais e o que chegar primeiro ao alimento que se encontra no centro é julgado como sendo o mais inteligente. A sua profissão inclui vários outros truques como a solução de problemas, tais como a aprendizagem de qual a alavanca a accionar ou a quis sons responder de forma a descobrir onde encontra a recompensa. Este tipo de teste é totalmente desadaptado aos cavalos que nunca, no seu meio natural têm que resolver problemas deste tipo. O teste real à inteligência é o da sobrevivência no seu próprio meio e os cavalos sobreviveram no seu durante vários milhões de anos. Mais, são suficientemente inteligentes e adaptáveis para sobreviver e por vezes prosperar no nosso ambiente, vivendo uma vida que lhes é imposta: ser montados, viver em cavalariças, ser separados dos seus semelhantes, não ter oportunidade de formar relações naturais de manda, ser forçado a comer rações feitas por nós etc. Isto para mim é a verdadeira inteligência. O que nos importa se o cavalo é ou não mais inteligentes do que os cães, seres humanos, gado bovino, gatos ou o que quer que seja. Temos cavalos porque, gostamos deles pelo que são. Se pensarmos que são estúpidos - como há quem o afirme - não é estúpido associarmo-nos a eles, fazendo-o por prazer? Na nossa sociedade fazer dinheiro é suposto ser sinal de esperteza e há quem faça muito, com o negócio dos cavalos. Tenho conhecido muitas pessoas que fizeram muito dinheiro e que são irrefutavelmente estúpidas .

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